Na última semana tivemos várias polêmicas; desde uma tradução controversa e equivocada de um hit musical cinematográfico até o conteúdo tecnológico de um discurso político governamental em que a “indústria 4.0” foi transmutada para, pasmem, “indústria 4G”.
Licença poética (na melhor hipótese) é algo que foge ao escopo deste Blog, mas não poderia passar despercebida esta “gafe” sobre duas vertentes tecnológicas tão importantes quanto diversas como 4G e a indústria 4.0.
Vamos lá, de forma bem sucinta, desvendar um pouco estes dois temas:
4G x Indústria 4.0:
4G (4ª Geração):
É a sigla que denota o padrão tecnológico de internet móvel sucessor da 3G.
Apresenta avanços significativos principalmente na velocidade de conexão e no carregamento de dados. Trata-se do “feijão com arroz” da internet móvel a nível mundial, já que o estado da arte abrange o novo padrão 5G, que já opera com sucesso em países como China e Coreia do Sul, por exemplo, em faixas de frequências superiores a 20 GHz, possibilitando velocidades de transmissão superiores a 10 vezes a da 4G.
Indústria 4.0:
É uma denominação que abrange a tendência atual de automação e troca de dados em tecnologias industriais.
Inclui sistemas ciberfísicos, IOT (Internet das Coisas), computação em nuvem e computação cognitiva / IA (Inteligência Artificial).
A Indústria 4.0 é assim denominada por ser considerada a 4ª (quarta) revolução industrial em manufatura e indústria.
Indústria 4.0 é a transformação industrial atual com automação, troca de dados, nuvem, sistemas ciberfísicos, robôs, Big Data, AI, IoT e técnicas industriais – semi – autônomas para realizar metas inteligentes de fabricação e indústria na intersecção de pessoas, novas tecnologias e inovação.
Na essência, a Indústria 4.0 inclui a transferência – parcial – de autonomia e decisões autônomas para sistemas e máquinas ciberfísicas, alavancando sistemas de informação preexistentes. Não obstante, a Indústria 4.0 não se restringe à produção, indo, inclusive, além da fábrica inteligente.
A indústria 4.0 é bem mais do que automação e troca de dados em tecnologias de manufatura estendendo-se além das tecnologias, examinando cadeias de ponta a ponta, incluindo, por exemplo, setores e etapas de compras, armazenamento, logística, reciclagem, blockchain e assim por diante, até o consumidor final.
Além do horizonte meramente técnico, por agregar um potencial enorme – e por não dizer imensurável – de aumento da competitividade da cadeia produtiva de um país, representa uma importante ferramenta geopolítica, onde aqueles países que a adotarem, potencializada pelo padrão 5G, desfrutarão de enorme vantagem sobre os demais.
Em suma, é hora de levarmos a sério a lição de casa e abraçarmos as tendências tecnológicas que estão batendo à nossa porta para não ficarmos perdidos em meio à globalização, ora em curso, e não “pagarmos mico”.

Indústria 4G não é Indústria 4.0, nem 4G significa mais alguma coisa relevante num mundo que converge para o 5G.
E um conselho final que remete ao título: cuidado para “não se perder na tradução”. NOW!
Autor convidado: JJA
Comments